Com um sorriso monalisesco, chamativo pela cor da farda e pelo corpo vagamente transmontano contemplava na boa o mulherio que se perfilava diante da sua caixa registadora, alheio ao stress, que a vida é para levar nas calmas…don’t worry …be happy.
Eu, para variar, já tinha feito das minhas. Despassarada das ideias já tinha metido o puré no carrinho doutra atarefada dona de casa. Não satisfeita com a façanha, atirara-me aos perfumes, pulverizando ambos os pulsos, mãos e cotovelos, até não saber se carburava a adrenalina ou a água de colónia. Já que não posso comer amêndoas vingava-me noutras fragrâncias! E vai daí, lá vou eu directa ao primeiro cavalheiro dar-lhe o braço a cheirar:- Então, que achas deste?! Pois o moço era ucraniano, não percebeu nada e ainda bem, porque quando vi aquela altitude e aqueles ademanes percebi logo que não era o meu legítimo! Haja paciência para me aturar mais um cão para a guardar!...
Voltando à fila que se desenrolava calminha….duas mocinhas loiras amadeixadas tinham por perto um terrorzinho chamado Gonçalo que não parava quieto. Como se não bastasse serem loiras e magrinhas…ainda tinham de ter um hiperactivo para o quadro ser mais perfeito e mais chamativo! E o rapaz da caixa distribuía sorrisos compassivos e muiiiiito mal intencionados, completamente vidrado nas catraias, enquanto a fila alooooooooooonnngavaaaaaaa.
Ora eu estava na boa à espera que parasse de chover, com o carrinho cheio de compras e a ruminar impropérios contra as festas.
As blondies lá passaram as compras, enquanto o Gonçalinho derrubava o cartaz da propaganda e ai desta é que tu levas, Gonçalo, páras quieto? Páras? Não parou.
Desalinhada e desalinhavada uma trintona de fato de treino e ondulação duvidosa deixava cair as olheiras e a pachorra. Nunca mais era a vez de ser brindada pelo sorriso do transmontano da caixa. Finalmente, chegou o seu momento. E não é que o moço sorriu para ela e começou a passar os produtos na passadeira…Pois.
E foi assim que o sorriso desbotou, deslavou.
Azar da trintona em ter posto os pensos higiénicos e os tampões logo no início das compras.
Se assim não fosse talvez tivesse a sorte de um cross em boa companhia.
A honestidade não compensa.
sábado, 3 de abril de 2010
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Mecânicos
O meu mecânico é um sonho de homem! Anafadito, careca no topo, de rabo de cavalo e olhos azuis. Tem sempre uns posters que num cunsigo encontrar na net, por mais sites daqueles bons memo bons que visite! A modos que lá tenho de ir com mais regularidade, para estudar o formato dos argumentos da minha próxima operação plástica! Num é daqueles que imbenta abarias cumplicadas. Quando dei cabo da junta da colaça, dei mesmo! O resto, ele compõe com tranquilidade. Tem a perfeita noção de que a bida está cumplicada para todos e espera que a gente lhe pague quando pode! Este homem é do nuorte, carago!
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Gajas Boas
Nem todas as gajas boas são boas gajas
Isto de colocar um adjectivo no sítio certo é mais complicado do que fazer contas à vida. É que, neste último caso, o resultado é previsível: tasse memo mal. No outro, muitas questões se levantam, dependendo dos pontos de vista e do género.
Assim, uma gaja boa memo boa pode, na visão brilhante dos meus amigos Gatos Fedorentos, por engano, ser um gajo. Pois, às vezes enganamo-nos, e com um décor e pormenores anatómicos de longevidade discutível, arriscam-se os homens a ter uma brasa na rua e uma megera em casa, sendo que, em qualquer um dos lugares, o melhor é ela nem abrir a boca, apesar do sorriso sexy, porque, simplesmente, não tem assunto.
Uma doll que nem baby é, sobretudo de chinelas e roupão. Acresce a isso, saberem os meus queridos amigos que aquela gaja boa, que os torna invejáveis aos olhos dos colegas, cedo ou tarde poderá despoletar uma operação interessante: a prova dos nove. Talvez com um mais novo, menos careca ou com uma barriga mais diminuta.
Uma boa gaja é aquela a quem os meus amigos recorrem quando precisam de desabafar daquelas coisas que não dá para conversar com os amigos de copos e bola, não vão eles ficar a pensar que se passaram para o outro lado. É aquela que tem neurónios e faz pensar que não é de todo errado ter permitido às mulheres o acesso à alfabetização. É aquela que sabe o que fazer quando os meus amigos estão doentes e não vai ao MacDonalds procurar uma canjinha! É aquela que desliga o telemóvel nas trombas do pessoal, porque os amigos, para serem verdadeiros, nem sempre estão concertados. É aquela que o volta a ligar para saber se estão bem e os nossos, também. É aquela que não quer saber quanto os moçoilos ganham e que não troca a amizade deles por um descapotável ou uns jeans Versace.
Uma boa gaja tem coração! As outras pensam na vidinha delas em primeiro lugar!
O que desejo a todos é que possam aliar uma coisa à outra e que, já agora, os gajos bons e os bons gajos coexistam num mesmo ser!
Um coração bem amado e um alegrar de vistinhas nunca fez mal a ninguém.
Orientem-se!
Isto de colocar um adjectivo no sítio certo é mais complicado do que fazer contas à vida. É que, neste último caso, o resultado é previsível: tasse memo mal. No outro, muitas questões se levantam, dependendo dos pontos de vista e do género.
Assim, uma gaja boa memo boa pode, na visão brilhante dos meus amigos Gatos Fedorentos, por engano, ser um gajo. Pois, às vezes enganamo-nos, e com um décor e pormenores anatómicos de longevidade discutível, arriscam-se os homens a ter uma brasa na rua e uma megera em casa, sendo que, em qualquer um dos lugares, o melhor é ela nem abrir a boca, apesar do sorriso sexy, porque, simplesmente, não tem assunto.
Uma doll que nem baby é, sobretudo de chinelas e roupão. Acresce a isso, saberem os meus queridos amigos que aquela gaja boa, que os torna invejáveis aos olhos dos colegas, cedo ou tarde poderá despoletar uma operação interessante: a prova dos nove. Talvez com um mais novo, menos careca ou com uma barriga mais diminuta.
Uma boa gaja é aquela a quem os meus amigos recorrem quando precisam de desabafar daquelas coisas que não dá para conversar com os amigos de copos e bola, não vão eles ficar a pensar que se passaram para o outro lado. É aquela que tem neurónios e faz pensar que não é de todo errado ter permitido às mulheres o acesso à alfabetização. É aquela que sabe o que fazer quando os meus amigos estão doentes e não vai ao MacDonalds procurar uma canjinha! É aquela que desliga o telemóvel nas trombas do pessoal, porque os amigos, para serem verdadeiros, nem sempre estão concertados. É aquela que o volta a ligar para saber se estão bem e os nossos, também. É aquela que não quer saber quanto os moçoilos ganham e que não troca a amizade deles por um descapotável ou uns jeans Versace.
Uma boa gaja tem coração! As outras pensam na vidinha delas em primeiro lugar!
O que desejo a todos é que possam aliar uma coisa à outra e que, já agora, os gajos bons e os bons gajos coexistam num mesmo ser!
Um coração bem amado e um alegrar de vistinhas nunca fez mal a ninguém.
Orientem-se!
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Sala de Espera
Enjoam, a sério. Saímos de lá mais doentes, acabrunhados e defuntos. Mais vale ir à bruxa. Sempre há o misticismo e tal, a bolinha de cristal, o incenso. A gente acredita que nos vai sair o euro-coiso, que a nossa rival é mais feia e mais gorda do que nós, que as nossas maleitas têm cura, enfim! Somos crentes e pagamos na mesma, mas com outra alegria. Se for preciso levamos as trousses do dito, para fazer um encanto que à meia noite de qualquer encruzilhada nos livre das loiras, brasileiras e divorciadas.Abrenúncio!
Nos consultórios não se aprende nada. Cheira a choco, as revistas estão que nem camélias meladas, a menina da recepção em vez do ar topmodel da praxe está deslavada e desiludida da vida, e as pessoas, ai as pessoas, estão muito mais doentes que nós.
Não se iludam com o ar compassivo com que nos recebem quando entramos. Elas querem é passar-nos o que têm e se possível, pior! Não vale a pena esperar pelo que o médico diz. A nossa triste sina está ali. Na sala de espera!
Nos consultórios não se aprende nada. Cheira a choco, as revistas estão que nem camélias meladas, a menina da recepção em vez do ar topmodel da praxe está deslavada e desiludida da vida, e as pessoas, ai as pessoas, estão muito mais doentes que nós.
Não se iludam com o ar compassivo com que nos recebem quando entramos. Elas querem é passar-nos o que têm e se possível, pior! Não vale a pena esperar pelo que o médico diz. A nossa triste sina está ali. Na sala de espera!
domingo, 4 de novembro de 2007
Os Domingueiros
Reza o Latim que Domingo é o dia do Senhor -Dies Dominica. Assim sendo, e pela lógica, esta espécie que prolifera e se reproduz dramaticamente, seria muito católica. Acabadinhos de sair da missa e tal, ei-los que saem às ruas para praticar boas acções, com um enorme espírito de abnegação e missionarismo.
Era bom, não era?
Desengane-se. Aqueles tipos todos que sacam do carro em quinta mão, com a carta tirada sob supervisão da Santa Rita, mais uns dinheirinhos por baixo do tablier, entupindo as estradas ao Domingo, fazendo manobras que nem ao demo alembram, não são movidos pelo espírito cristão. Aquilo é sado-masoquismo no seu melhor!
Sadismo, porque todos os conhecemos. É por isso que vamos fazer as compras ao Sábado, ou ao Domingo, mas à hora do almoço, porque ninguém tem pachorra para andar atrás de um comboio de carrinhos de supermercado vazios, escoltados por velhinhos de canadiana, bebés a tiracolo, sogras, tias e primas e miúdos em plena orgia vocálica, a exigir tudo aquilo que não podem ter, mas que não veriam se ficassem em casa. No hipermercado há cultura a rodos!
Masoquismo, porque estavam realmente muito melhor no aconchego do lar , não se constipavam com o ar condicionado e era um ganho imenso para a saúde pública! Oh, se era!
Era bom, não era?
Desengane-se. Aqueles tipos todos que sacam do carro em quinta mão, com a carta tirada sob supervisão da Santa Rita, mais uns dinheirinhos por baixo do tablier, entupindo as estradas ao Domingo, fazendo manobras que nem ao demo alembram, não são movidos pelo espírito cristão. Aquilo é sado-masoquismo no seu melhor!
Sadismo, porque todos os conhecemos. É por isso que vamos fazer as compras ao Sábado, ou ao Domingo, mas à hora do almoço, porque ninguém tem pachorra para andar atrás de um comboio de carrinhos de supermercado vazios, escoltados por velhinhos de canadiana, bebés a tiracolo, sogras, tias e primas e miúdos em plena orgia vocálica, a exigir tudo aquilo que não podem ter, mas que não veriam se ficassem em casa. No hipermercado há cultura a rodos!
Masoquismo, porque estavam realmente muito melhor no aconchego do lar , não se constipavam com o ar condicionado e era um ganho imenso para a saúde pública! Oh, se era!
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
As tecnologias
Sou a favor, sim senhora! Acho, até, excelente! Desde que descobri o MSN (émeésseéne) que as curto. Bué…O nosso primeiro dá o exemplo e a gente segue-o caninamente…ora bem! Porreiro, pá!
Pois não é que a gente ali no Mensageiro, para falar bom português, pode escolher com quem se quer falar, fazer de conta que não se está e estar-se, mandar estrelinhas, sonoras e repimpadas beijufas, rosas de plástico e efeitos especiais sugestivos e ainda, reparem bem, bloquear, isto é, ou tás caladinho…e, valha-nos o Santo Padroeiro da Microsoft, eliminar definitivamente uma pessoa do nosso horizonte cibernético. O jeito que uma coisa destas nos fazia na vida real…
Pois não é que a gente ali no Mensageiro, para falar bom português, pode escolher com quem se quer falar, fazer de conta que não se está e estar-se, mandar estrelinhas, sonoras e repimpadas beijufas, rosas de plástico e efeitos especiais sugestivos e ainda, reparem bem, bloquear, isto é, ou tás caladinho…e, valha-nos o Santo Padroeiro da Microsoft, eliminar definitivamente uma pessoa do nosso horizonte cibernético. O jeito que uma coisa destas nos fazia na vida real…
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Friends will be friends
Há muita gente com preconceitos a respeito das amizades cibernéticas. Ah e tal...Falar com desconhecidos…Sabe-se lá quem é…
Salvo as reservas naturais que toda a gente tem, neste mundo, como no outro , o tal que é real , tudo pode acontecer .
O certo é que os portugueses são, por natureza, e, contrariamente ao que se diz, reservados.
Quando mete cavalheiro e dama, dá barraca. Onde é que, meus amigos e minhas amigas, na vida real, alguém entabulava conversa com a naturalidade com que o fazemos aqui ?
Se alguém me perguntasse na paragem do autocarro: - Ó moçoila, onde moras?, com o à-vontade estereotipado, vá, convenhamos, do – dd tcls (tradução para português suave para os mais inocente - de onde teclas) levava com um estaladão de todo o tamanho, ou com a carteira em toda a sua pujança de dois porta-moedas, três telemóveis, os documentos, a maquilhagem, os atavios para aquelas coisas que não têm dia nem hora, que isto de ser mulher-prevenida-tem-que-se-lhe-diga, mais o último livro de auto-ajuda- Como Preservar a sua Auto-estima sem Subsídio para Plásticas-nas trombas! É que levava mesmo!!!
Pois é! Nós somos todos porreiraços para os estrangeiros, muito abertos e tal…Mas quando vai de amigalhar a sério, estamos todos cheios de complexos. Na net é uma pouca-vergonha!
Como se na vida real todos fôssemos santinhos!
Eu tenho amigos e amigas a sério. Sim, daqueles que fiz aqui. E gosto muito deles. Tanto, tanto que, agora que vou ter menos tempo para dar 2_de_letra, vou ter saudades! Porque me fizeram bem, porque tiveram a palavra amiga que fazia falta ouvir e foram tão reais ao ponto de estarem rabugentos e de mau-humor, como as pessoas “normais”, como os amigos a sério a quem a gente perdoa qualquer coisinha, porque são o que são. Amigos.
Prometo ir aparecendo!...
Salvo as reservas naturais que toda a gente tem, neste mundo, como no outro , o tal que é real , tudo pode acontecer .
O certo é que os portugueses são, por natureza, e, contrariamente ao que se diz, reservados.
Quando mete cavalheiro e dama, dá barraca. Onde é que, meus amigos e minhas amigas, na vida real, alguém entabulava conversa com a naturalidade com que o fazemos aqui ?
Se alguém me perguntasse na paragem do autocarro: - Ó moçoila, onde moras?, com o à-vontade estereotipado, vá, convenhamos, do – dd tcls (tradução para português suave para os mais inocente - de onde teclas) levava com um estaladão de todo o tamanho, ou com a carteira em toda a sua pujança de dois porta-moedas, três telemóveis, os documentos, a maquilhagem, os atavios para aquelas coisas que não têm dia nem hora, que isto de ser mulher-prevenida-tem-que-se-lhe-diga, mais o último livro de auto-ajuda- Como Preservar a sua Auto-estima sem Subsídio para Plásticas-nas trombas! É que levava mesmo!!!
Pois é! Nós somos todos porreiraços para os estrangeiros, muito abertos e tal…Mas quando vai de amigalhar a sério, estamos todos cheios de complexos. Na net é uma pouca-vergonha!
Como se na vida real todos fôssemos santinhos!
Eu tenho amigos e amigas a sério. Sim, daqueles que fiz aqui. E gosto muito deles. Tanto, tanto que, agora que vou ter menos tempo para dar 2_de_letra, vou ter saudades! Porque me fizeram bem, porque tiveram a palavra amiga que fazia falta ouvir e foram tão reais ao ponto de estarem rabugentos e de mau-humor, como as pessoas “normais”, como os amigos a sério a quem a gente perdoa qualquer coisinha, porque são o que são. Amigos.
Prometo ir aparecendo!...
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